Aqui mesmo onde me encontro

Aqui mesmo onde me encontro
agosto 16, 2022 zweiarts

Aqui mesmo onde me encontro

Ana Rey

Curadoria Isabel Villalba

Abertura: 06/08
Período Expositivo: de 09/08 à 03/09/2022

Nem oriente,
nem ocidente,
nem norte,
nem sul
aqui mesmo onde me encontro*

Como um verso a ser interpretado, o trabalho de Ana Rey me remete a uma forte conexão ao haiku: poema de origem japonesa que se caracteriza pela concisão e brevidade. Os poetas caminhantes, de forma clara e simples, criavam poesias sem artifícios: com só três versos conseguiram manifestar-se através de tempos remotos e o fazem até os dias de hoje

Pinturas, desenhos e aquarelas em várias escalas, assim como alguns objetos que remetem ao mundo natural, se encontram em um mesmo espaço. Tudo isso, fruto de uma elaboração mental que opera para simplificar uma apurada percepção do mundo natural, do contexto urbano e linguístico.

Ana elimina os excessos, permanecendo somente o essencial. O apelo ao sensorial, à poesia, à luz, aos estados anímicos, a cor, são constantes nas obras. Ao mesmo tempo, instiga e promove um mergulho no enigma da abstração, sem estridências, convidando a se deixar fluir entre quadrados, círculos, retângulos, elipses.

Segundo a artista, o trabalho acontece no “curioso espaço do ateliê” como descreve em um de seus textos. Também não escapam de sua pesquisa, a busca de soluções sobre as questões que enfrentam humanos e não humanos, o meio ambiente ameaçado e das dificuldades de sobrevivência no nosso planeta. Tudo isso integrado no seu universo de pesquisas que começa a se desenrolar e se manifestar nas formas mais orgânicas.

A exposição oferece uma viagem de percepção ativa entre os espaços vazios e cheios da tela expandindo-se por toda a exposição. Com uma elaboração racional e minuciosa, na sua essência, o entorno se conflui com o campo da poesia do haiku que convida a sair do imediatismo, ampliar nosso campo de visão, exigindo um estado de presença que beira a meditação.

Isabel Villalba

*extraido do livro Nuvens de algodão de Abbas Kiarostami
Tradução Pedro Fonseca