Geração Processual
Fernando Pereira Gomes
Curadoria
Isabel Villalba e Alexandra Ungern-Sternberg
A presente exposição procura apresentar ao público da região de Santo Amaro, no entorno do Ateliê Alê, o interesse e engajamento público dos artistas em relação ao mundo que compartilhamos. As obras apresentadas têm particular vocação inquisitiva, fazendo os sujeitos que se deparam com as pesquisas perguntarem-se: mas afinal, por que pensamos o universo das imagens tão distante de nossas lutas cotidianas?
Como se os problemas corriqueiros que acompanham o nascer e o morrer dos dias existissem singularmente circunscritos pela rotina e pelo tédio. Ora, se, como acreditamos no grupo de estudos, a estética é uma modalidade ética, não faz sentido separar o universo internos às obras criado pelos artistas contemporâneos das lutas diárias compartilhadas por todos os viventes – com maior ou menor intensidade.
Talvez por se buscar superar a fronteira invisível que parece imposta entre os espaços de arte e as ruas da cidade, esta exposição tem em seu título uma questão. Para sermos precisos, uma inquisição que, de pronto, obriga os sujeitos a ponderar sobre as relações que se criam entre o belo e o sublime junto à vida, toda ela: povoada por dores, amores, sonhos, desejos, tédio ou frustrações.
As obras eleitas para a exposição tratam dos mais variados temas. Desde a sensação do espaço urbano transformada em monólitos, a seguir desconstruídos aos moldes excessivos não raro assumido na linguagem da colagem até o engajamento de pintoras para com seu meio através de seu suporte; esta exposição procura construir sentidos ao aproximar variadas produções plásticas em um discurso visual prontamente apresentado aos visitantes. Espera-se assim, que cada sujeito, depois de atravessar o percurso expográfico, seja capaz de escolher por si qual é a resposta proposta pelo coletivo pensante que constrói a exposição: e o resto do mundo?
Mais do que obrigar o visitante a engajar-se em uma resposta, E o resto do mundo? Ou Ouvir outras vozes parece promover um complemento à pergunta inicial. Inquerindo: O resto do mundo está contido no corpo construído por estas obras, ou seriam as obras que estão contidas em nossas lutas e bravatas cotidianas?
Por Paulo Gallina
“Trabalhar com o Ateliê Alê foi uma ótima experiência. O planejamento da exposição teve um acompanhamento de curadoria fundamental. Sendo esta minha primeira exposição solo, ter tido este apoio amigável e inteligente ajudou muito no processo. Algo interessante é que o Ateliê Alê não é uma galeria, mas sim um espaço expositivo e ateliê. Todos os envolvidos no processo também são artistas, criando um espírito de colaboração entre pessoas com idéias semelhantes. Adorei a oportunidade e espero sempre voltar.”
— Fernando Pereira Gomes