O saber da linha

O saber da linha
abril 6, 2014 zweiarts

O saber da linha

Alexandra Ungern-Sternberg | Andrey Zignnatto | Camilo Meneghetti | Evandro Soares | Fábio Leão | Fernanda Carvalho | Jê Américo | Marcelo Amorim | Pedro Gallego | Tchelo

Curadoria
Paulo Gallina

Marcelo Amorin

UMA LINHA PODE SER MUITAS COISAS. PARA A MATEMÁTICA, ELA SERÁ UM CONJUNTO INFINITO DE PONTOS; PARA A GEOMETRIA, O PERÍMETRO DE UMA CURVA DE RAIO INFINITO; EM UM TEXTO PODE SER A FORMALIZAÇÃO DO ARGUMENTO; ENQUANTO PARA O DESENHO ESSE ELEMENTO DE REPRESENTAÇÃO SERIA A ESTRUTURA DAS FORMAS.  VERDADE É QUE UMA LINHA É DESPROVIDA DE PROPÓSITO OU PRERROGATIVA ANTES DE EXISTIR.

Ausente em sentido por si, ela pode comunicar grande parte do pensamento humano. Ainda que é preciso considerar os limites da linguagem. O saber da linha é a reunião de trabalhos que buscam comunicar sobre o que a linguagem não acessa. Ao buscar a representação do universo sensível, estes artistas desconstruíram com suas obras os significados impostos ao que entendemos como linha. Assim a expectativa do olhar é invertida nesta exposição.

Os traços aqui não são pautas ou bordas, são composições representando um universo interior. Universo este que só se torna comunicável para o observador, por este também conte-lo dentro de si.

Depois de esvaziado o signo, depois de a linha ser retirada do campo da representação, as pesquisas aqui apresentadas recriaram o mundo ao redor a partir de seu universo sensível interior de cada artista. Partindo de uma linha, agora não mais parte de um vocabulário cultural, esses artistas reconstruíram e reapresentaram seu mundo interior e incomunicável em suas imagens. Dotanda de significado a partir de seu uso, a linha guarda em si uma sabedoria esquecida no mundo contemporâneo: aquilo que está além do que pode ser comunicado por palavras ou imagens, pode ser insinuado a partir do elemento mais primitivo humano e compreendido porque todos carregamos dentro de si um mesmo universo sensível.

Paulo Gallina