Prelúdio para a imagem do amanhã
Curadoria: Paulo Gallina
Abertura: 20/09/2025 | 16h às 20h
Período expositivo: 20/09/2025 a 18/10/2025 | 14h às 18h
Artistas:
Alexandra Ungern
Dolly Michailovska
Elisabeth Pral
Juliana Berto
Justina D’Agostino
Lenora Rosenfield

O Alê Espaço de Arte tem o prazer de convidá-los para a abertura da exposição coletiva Prelúdio para a Imagem do Amanhã com curadoria de Paulo Gallina, que acontecerá no sábado, 20 de setembro, das 16h às 20h, na Rua Califórnia, 706, Brooklin-SP.
A exposição foi concebida a partir das obras dos integrantes do Grupo de Estudos de Poéticas Visuais, que se reúnem semanalmente no Alê Espaço de Arte para discutir projetos e processos criativos sob a orientação do curador e crítico Paulo Gallina. A mostra reúne trabalhos dos seguintes artistas: Alexandra Ungern, Dolly Michailovska, Elizabeth Pral, Juliana Berto, Justina D’Agostino e Lenora Rosenfield.
Você é nosso convidado para vivenciar este momento especial e mergulhar nas diversas dimensões que atravessam esta mostra.
Prelúdio para a imagem do amanhã
Nesta exposição estamos pesquisando qual o sentido da imagem. Mergulhadas em pesquisas que relacionam a forma visual, memória e identidade; essas seis mulheres – Alexandra Ungern, Dolly Michailovska, Elizabeth Pral, Juliana Berto, Justina D’Agostino e Lenora Rosenfield – exploram a virtualidade da imagem para explorarem a realidade da presença na realidade povoada de contradições, continuidades e descontinuidades do momento presente.
Enquanto Juliana Berto, Lenora Rosenfield e Justina D’Agostino exploram o retrato e o autorretrato para falar da condição feminina em uma sociedade ainda machista, trazendo corpos por vezes fragmentados ou transformados em vultos de uma figura humana; temos Alexandra Ungern, Dolly Michailovska e Elizabeth Pral apostando em conformações mais abstratas – ou, no mínimo, menos figurativas – para construírem obras que destacam o afeto de dias feitos para se esquecer como uma forma de se manter em um mundo de pura e plena transitoriedade.
Nenhuma artista desta exposição traz o tema da velocidade das redes sociais ou do universo interconectado da internet. Isso porque, desconfio, todas as artistas em algum momento experimentaram com a pintura. Uma modalidade de produção visual que notoriamente pede pela contemplação, porque é no detalhe da pincelada, da aplicação da tinta sobre a superfície, da eleição cromática para a composição, que a pintura revela sua meditação sobre os temas escolhidos. Ainda que nem todas as imagens trazidas para “Prelúdio para a imagem do amanhã” sejam pinturas.
Lenora Rosenfield com sua pesquisa explora o não tecido – um aglomerado de fios que não formam trama para constituírem-se com superfície – como potência de onde partem suas imagens. Aqui vemos uma artista experimentando com sua história, refazendo uma das primeiras imagens que produziu ao longo de sua vida em uma pintura vermelha que nos revela o canto de uma sala povoado apenas por um ponto, junto de Juliana Berto trazendo referências do universo dos games e dos retratos em alguma medida familiares para apresentar a forma humana com algum estranhamento. Um estranhamento subcutâneo porque na superfície – assim como nas pesquisas de Lenora – tudo está como deveria ser, porém na ambiência apresentada algo destoa e não se pode com facilidade colocar a mão no
que é esse elemento dissonante.
As pinturas de Justina D’Agostino e as colagens de Dolly Michailovska, caminhando nesta vereda por uma outra entrada, discorrem sobre a relação entre memória e identidade. Justina reconstrói cenários que participaram de sua vida, alguns deles inclusive são mais alegóricos do que literais. Já Dolly reinterpreta experiências de sua vida aos moldes de sua colagem que explora junto da cola e papel o desenho e as transparências de papéis que
colados, escondem, em certa medida, o que está abaixo deles e compõe com desenhos colocados sobre essas folhas semi-translúcidas. Isso, sem dizer das monotipias que ora estão abaixo das colagens compondo bases, ora se sobrepõe às colagens trabalhando a composição com escorrimentos, pingos e rastros que confundem certo pensamento sobre a boa pintura.
Alexandra Ungern e Elizabeth Pral, por sua vez, trabalham na chave da sutileza, do apagamento e da não entrega direta da imagem de seu trabalho para estimular a imaginação e projeção dos observadores que miram suas produções. Alexandra esconde objetos com panos familiares e aqui esta palavra destaca certa ambiguidade na obra da artista: essa matéria que é a superfície de alguns de seus trabalho é familiar porque o observador consegue reconhecer os tecidos e supor a aspereza ou a maciez do pano – uma forma de familiaridade – e é também porque a família da artista, quando de sua chegada às terras brasileiras, achou seu fazer em uma tecelagem. Operando forma e conteúdo, Alexandra esconde objetos delicados em tecidos que os protegem para presentear os visitantes com a especulação sobre os afetos ali resguardados. Já Elizabeth Pral, por sua vez, investe em formas geometrizadas e campos de cor mais ou menos harmônicos, para fundar uma pesquisa que abstrai não o mundo e as imagens que nos deparamos nele, mas o próprio ato da contemplação e leitura de pinturas que, ao fim ao cabo, discutem o próprio ato de fruição através de composição, ritmo, peso e contrapeso em seus trabalhos.
Assim, esta exposição propõe pensarmos quais caminhos os artistas escolherão legar para a imagem do amanhã. Um prelúdio é, por premissa, um início, uma anunciação que contém elementos do que virá mas que não se entrega de pronto. E esta é nossa exposição: uma exploração de elementos da produção contemporânea brasileira que não tenta adivinhar o que virá, mas que sabe que tudo o que ainda será produzidos nas artes visuais estará em diálogo com os elementos plásticos aqui apresentados, versando sobre a identidade deste tempo presente que nunca será plena até este presente se transformar em outro, no próximo presente, e na mirada para o passado se tornar mais claro e, com sorte, potente.






























