Notas sobre a produção de arte contemporânea

Notas sobre a produção de arte contemporânea
novembro 8, 2024 zweiarts

Notas sobre a produção de arte contemporânea

Período expositivo: 19/10 à 23/11/2024

Notas sobre a produção de arte contemporânea

“Antes da pergunta: qual é a atitude de uma obra frente
às relações de produção da época?, eu gostaria de perguntar:
Qual é a sua posição dentro delas?”

Nossas ações e escolhas podem parecer individuais. No entanto, elas respondem a formas de percepção e produção que — ao serem imaginadas como possíveis — são sempre coletivas. Podemos, então, identificar uma série de correspondências entre vários artistas de uma mesma cena que — mesmo com diferenças — compartilham perguntas, hipóteses e visões do mundo.

Esta exposição busca aproximar-se do sistema de decisões envolvidas na produção de arte contemporânea. Entendendo que essa produção é afetada pela tríade intenção, sentido e efeito.

Aquilo que a prática contém em si como objetivos possíveis, o que cada artista busca durante o desenvolvimento de sua produção, pode ser chamado de intenção. Ou seja, seu caráter projetual e sua ideia de futuro.

O que é produzido e seus excedentes sempre (!) possuem leituras complexas e múltiplas. Semelhante a um vetor, carregam um sentido. O horizonte de leitura ou significação da produção está contido no trabalho de cada artista.

O efeito, por fim, considera o tempo para estipular de que forma se busca afetar as comunidades que entram em contato com o trabalho na arte. Sejam pessoas dentro do Sistema de Arte ou comunidades que o transcendem.

São três variáveis de exigência mútua e produção. Formam um triângulo que tem a produção como centro. Uma estabelece limites e intervalos do que é possível sobre as outras duas. Esse é o caso do trabalho dos artistas que integram este projeto:

Carmen García (São Paulo, Brasil) estabelece uma dinâmica entre descobrir e implementar o obtido de uma série de investigações relacionadas à linguagem e suas materialidades mais diversas. Neste caso, propõe uma série de usos da palavra que nos lembra a presença do corpo, a morfologia e a leitura múltipla.

Eugenia Soma (Buenos Aires, Argentina) desenvolve uma prática expandida do desenho, envolvendo o espaço e o tempo. Um trabalho que requer uma aproximação presencial e um tempo de observação. Dessa forma, se apresenta no formato instalativo da paisagem e em desenhos de autorretrato a partir de uma temporada no sul de Buenos Aires.

Federico Kirschbaum (Salta, Argentina) aplica seu trabalho de bordado à construção de um glossário relacionado à experiência de pertencer na comunidade LGBTIQA+. A série de papéis de lixa bordados com fio de algodão apresenta operações materiais que afetam o sentido de leitura dessas frases relacionadas à sua experiência como homem homossexual.

José Antonio Torres (Lima, Peru) sustenta uma pesquisa sobre a relação entre o som e a visualidade. Nesta exposição, inclui uma série de imagens, ações e objetos que também incorporam noções como afeto e memória.

***

A produção de arte nunca se apresenta isolada ou individualizada. Torna-se necessário, então, recuperar algumas perguntas: Que tradições contemporâneas traçaram o caminho até essas práticas? Que dívidas históricas esses artistas tentam saldar? Que linhas de continuidade se tornam urgentes agora?

Para essa tarefa, devemos considerar a Cena de Arte à qual pertencem, a Institucionalidade em que participam e o Contexto de Produção que o artista gera e no qual inscreve sua obra.

Procedimentos, formatos, preocupações e linhas de investigação são validados a partir dos acordos entre trabalhadores e organizações. Diferentemente da arte moderna, o julgamento não se limita ao objeto ou prática. Incluem-se os efeitos e a inscrição resultante. Na arte contemporânea — assim como em outros sistemas de conhecimento — o valor do que é produzido é determinado por meio de acordos coletivos e antecedentes referenciais. A partir desses acordos se constrói a Institucionalidade.

Os procedimentos que os artistas preferem podem ser rastreados naquilo que seu entorno entende como valioso. Assim, a noção de Cena de Arte nos permite conhecer a ideia hegemônica de arte que se mantém ativa na cidade onde cada artista está produzindo.

É a própria produção do artista que completa esse esquema contextual da prática. O Contexto de Produção de cada artista oferece ferramentas de leitura quando compreendemos o corpus desenvolvido como um texto, um discurso ou uma investigação. Além de possíveis viradas ou — até mesmo — interrupções, as decisões dos artistas se estabelecem como parâmetros a serem considerados na análise.

Essas três noções reforçam uma conclusão: a arte contemporânea sempre resulta de um sistema de acordos sobre a produção e seu valor.

As produções culturais e — em específico — a produção de arte contemporânea são resultados de processos sociais e das afetações desses processos no imaginário. Ou seja, são resultados materiais e simbólicos. Nos permitem, assim, conhecer esses processos e ensaiar os limites do que se imagina possível.

Aproximar-nos para entender como funcionam esses processos de produção nos permite investigar formas possíveis de revelar, reativar e intervir no senso comum. A urgência desse movimento é dupla: como especialistas, nosso compromisso nos leva a avaliar a qualidade do nosso trabalho; como cidadãos, temos a oportunidade de contribuir para as conversas que devemos ter sobre as transformações que nos afetam e que a sociedade precisa.

Federico de la Puente
Curador autônomo
São Paulo, outubro de 2024

SERVIÇO                 

Exposição: Intenção, Significado e Efeito: A Questão Por Trás Da Prática
Artistas: Carmen García, María Eugenia Soma, José Antonio Torres, Federico Kirschbaum
Abertura: 19/10 das 16h às 20h
Período expositivo: 19/10 à 23/11/2024

Entrada Gratuita


 

Apuntes sobre la producción de arte contemporáneo

“Antes de la pregunta: ¿cuál es la actitud de una obra frente a las relaciones de producción de la época?, quisiera preguntar: ¿cuál es su posición dentro de ellas?”

Nuestras acciones y elecciones pueden parecer individuales. Sin embargo, responden a formas de la percepción y producción que -en tanto imaginadas como posibles- son siempre colectivas. Podemos, entonces, dar cuenta de una serie de correspondencias entre varios artistas de una misma escena que -incluso con diferencias- comparten preguntas, hipótesis y miradas del mundo. 

Esta exhibición pretende acercarse al sistema de decisiones implicadas en la producción de arte contemporáneo. Entendiendo que la misma se ve afectada por la tríada intención, sentido y efecto. 

Aquello que la práctica contiene en sí como objetivos posibles, aquello que cada artista busca durante el desarrollo de su producción puede nombrarse como intención. Es decir, su carácter proyectual y su idea de futuro. 

Lo producido y sus excedentes siempre (!)  tienen lecturas complejas y múltiples. Similar a un vector, portan un sentido. El horizonte de lectura o significación de la producción está contenido en el trabajo de cada artista. 

El efecto, por último, contempla al tiempo de estipular de qué manera se busca afectar a las comunidades que entran en contacto con el trabajo en arte. Ya sean personas dentro del Sistema de Arte o comunidades que lo exceden. 

Son tres variables de mutua exigencia y producción. Conforman un triángulo que tiene a la producción como centro. Una establece límites y rangos de lo posible sobre las otras dos. Tal es el caso del trabajo de los artistas que integran este proyecto:

Carmen García (Sao Paulo, Brasil) establece una dinámica entre el descubrir e implementar lo obtenido de una serie de investigaciones relacionadas al lenguaje y sus materialidades más diversas. En este caso propone una serie de usos de la palabra que nos recuerda la presencia del cuerpo, la morfología y  la lectura múltiple.

Eugenia Soma (Buenos Aires, Argentina) desarrolla una práctica expandida del dibujo, tomando el espacio y el tiempo. Un trabajo que requiere un acercamiento presencial y un tiempo de observación. De esta forma, se presenta en formato instalativo del paisaje y en dibujos de autorretrato a partir de una temporada en el sur de Buenos Aires. 

Federico Kirschbaum (Salta, Argentina) aplica su trabajo de bordado a la construcción de un glosario referido a la experiencia de pertenecer al colectivo LGBTIQA+. La serie de papeles de lija bordadas con hilo de algodón presentan operaciones materiales que afectan el sentido de lecturas de estas frases referidas a su experiencia como varón homosexual. 

José Antonio Torres (Lima, Perú) sostiene una investigación sobre la relación entre el sonido y la visualidad. En esta exhibición se incluye una serie de imágenes, acciones y objetos que incorporan también nociones como afecto y memoria. 

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La producción de arte nunca se presenta aislada o individualizada. Se hace necesario, entonces, recuperar algunas preguntas: ¿Qué tradiciones contemporáneas trazaron el camino hasta estas prácticas? ¿Qué deudas históricas intentan saldar estos artistas? ¿Qué líneas de continuidad se marcan ahora como urgentes?

Para esta tarea debemos considerar la Escena de Arte a la que pertenecen, la institucionalidad en la que participan y el contexto de producción que el artista genera y en la que inscribe la obra

Procedimientos, formatos, preocupaciones y líneas de investigación se validan a partir de los acuerdos entre trabajadores y organizaciones . A diferencia del arte moderno, el juicio no se limita al objeto o práctica. Se incluyen los efectos y la inscripción resultantes. En el arte contemporáneo -así como en otros sistemas de conocimiento- el valor de lo producido se determina mediante acuerdos colectivos y antecedentes referenciales. A partir de estos acuerdos se construye la Institucionalidad

Los procedimientos que los artistas prefieren pueden rastrearse en aquello que su entorno entiende como valioso. Así, la noción de Escena de Arte nos permite conocer la idea hegemónica de arte que se mantiene activa en la ciudad en la que cada artista está produciendo. 

Es la propia producción del artista la que completa este esquema contextual de la práctica. El Contexto de Producción de cada artista brinda herramientas de lectura cuando comprendemos el corpus desarrollado como un texto, un discurso o una investigación. Más allá de posibles giros o -incluso- interrupciones, las decisiones de los artistas se establecen como parámetros a considerar en el análisis. 

Estas tres nociones refuerzan una conclusión: el arte contemporáneo siempre resulta de un sistema de acuerdos sobre la producción y su valor. 

Las producciones culturales y -en específico- la producción de arte contemporáneo son resultados de procesos sociales y las afectaciones de estos procesos en el imaginario. Es decir: son resultados materiales y simbólicos. Nos permiten, en tanto, conocer sobre dichos procesos y ensayar los límites de lo que se imagina posible.

Acercarnos a conocer cómo funcionan estos procesos de producción nos permite indagar en formas posibles de develar, reactivar e intervenir en el sentido común. La urgencia de este movimiento es doble: como especialistas, nuestro compromiso nos lleva a evaluar la calidad de nuestro trabajo; como ciudadanos, tenemos la oportunidad de construir un aporte hacia las conversaciones que debemos tener sobre las transformaciones que nos producen y que la sociedad necesita. 

Federico de la Puente
Curador autónomo
San Pablo, Octubre de 2024.

SERVICIO

Exposición: INTENCIÓN, SIGNIFICADO Y EFECTO: La pregunta detrás de la práctica
Artistas: Carmen García, María Eugenia Soma, José Antonio Torres y Federico Kirschbaum
Inauguración: 19/10 de 16 a 18 horas
Ubicación: Rua Califórnia, 706 – Brooklin, São Paulo

Entrada Gratuita