Constelações, linhas que tecem sonhos

Constelações, linhas que tecem sonhos
junho 21, 2024 zweiarts

Constelações, linhas que tecem sonhos

Curadoria: Isabel Villalba*

Período expositivo: 15/06 à 13/07/2024

Artistas: Alexandra Ungern; Almeida Reis; Cláudio Souza; Dani Abutara; Eric Carrazedo; Fabíola Triñca; Gabriëlle Maussen; Ludmila Ciuffi; Marie-Ange Giaquinto; Rachel Guedes; Renata Di Domenico; Rogério Pasqua; Shirley Cipullo e Simone Hervilla.

*Exposição de finalização do curso Fala de Artista com Ana Avelar e Magnólia Costa

O Alê Espaço de Arte tem o prazer de receber esta exposição, corolário do curso Fala de Artista, ministrado pelas professoras Magnólia Costa e Ana Avelar durante o primeiro semestre de 2024. Nos encontros virtuais semanais, os quatorze artistas discutiram e aprenderam as melhores maneiras de apresentarem seus trabalhos aos agentes do sistema da arte.

Apresenta, em geral, os mais recentes trabalhos dos artistas Alexandra Ungern, Almeida Reis, Cláudio Souza, Dani Abutara, Eric Carrazedo, Fabíola Triñca, Gabriëlle Maussen, Ludmila Ciuffi, Marie-Ange Giaquinto, Rachel Guedes, Renata Di Domenico, Rogério Pasqua, Shirley Cipullo e Simone Hervilla.

Esta mostra, idealizada à maneira de uma constelação, traz para o mundo uma diversidade de produções que abordam temas relacionados com memória ancestral, deslocamentos urbanos, preocupação com o meio ambiente, a paisagem, o mundo sensível dos fios e linhas do bordado, objetos e imagens frequentes no cotidiano da cidade.

O acesso e seleção dos trabalhos se realizou de forma virtual assim como foi o curso: uma reunião de pessoas que não se conheciam entre si, com um objetivo comum, aprender a se comunicar no mundo da arte. Esta possibilidade de estudar e trabalhar de forma remota, consequência clara da pandemia, abriu novos caminhos para aproximar as pessoas e gerar novos modelos de comunicação. É por isso que organizar Constelaçōes, linhas que tecem sonhos é uma experiência inédita para esta curadora, ao construir um diálogo possível entre produções heterogêneas e traçar uma linha invisível, que pretende otorgar sentido e convidar o público a se aproximar e usufruir das obras.

A pintura de grande formato de Rachel Guedes, realizada em uma rústica lona de caminhão reutilizada e as panelas de gusa, trazem uma preocupação pelo que resta no ambiente, vestígios do que já existiu, reconfigurado. Existe beleza no descarte.

Ao lado, nos deparamos com a obra de Renata Di Domenico que, combinado a sua habilidade manual e a natureza do material utilizado, nos conduz através de linhas, fios e contas ao seu próprio universo sensível.

Gabriëlle Maussen explora os processos de intervenção químicos e biológicos em materiais e objetos reutilizados, gerando peças instigantes em metal e em sal.

O apelo pictórico na colagem de Dani Abutara, assim como a leveza de seus trabalhos mostram uma sensibilidade apurada na captura de cores, formas e luz apropriando-se e transformando o suporte frágil do papel jornal impresso.

Ludmila Ciuffi trabalha as aquarelas respeitando o material com sutileza e uma certa “figuração abstrata”, segundo suas palavras. A abstração se faz evidente na pintura em acrilíco.

“Meu amor”, assim começa a carta que Fabíola Triñca escreveu para a Mata Atlântica sobre um tecido de seda, obra que é acompanhada aqui de dois trabalhos de sua série Aterramentos, demonstram o grande interesse da artista na natureza, na terra e nas consequências da ação humana no ambiente.

Almeida Reis intervém tijolos cerâmicos e um bloco de concreto com pintura e materiais cotidianos, que juntos com seus lambes discutem com ironia ditados e ícones do nosso imaginário e do dia a dia da cidade.

Os claroscuros, espaços e figuras fantásticas imaginadas e desenhadas em grafite por Rogério Pasqua são um pequeno recorte da grande produção em que o artista se empenha há tempos. O desenho para Rogério, “é um errático exercício de liberdade e pensamento”, como ele mesmo explica.

Alexandra Ungern apresenta uma obra em toalinhas antigas com imagens em cianotipia e bordados, que remetem sua história ancestral. Este trabalho foi realizado em parceria com sua mãe, quem realizou os bordados.

Cláudio Souza, em suas pinturas a óleo da série Locomobilidade, mostra o mapeamento que realiza em seus deslocamentos urbanos, em bicicleta ou a pé, por lugares reconhecíveis da cidade onde se inspira para moldar sua visão do mundo.

Marie-Ange Quinto tensiona a imagem da paisagem até a abstração nas suas pinturas quase monocromáticas. Sua pesquisa aborda a relação do humano com a natureza.

“O mundo enloqueceu”, pintura de grande dimensão e “Ambição” são os o títulos das obras de Eric Carrazedo, que trazem uma profusão de elementos e cor, ironia, humor e crítica social.

As cabeças das mulheres “Madalena e Celine”, esculturas em cerâmica de Simone Hervilla, assumem presença na exposição. Suas feições delicadas e expressivas interpelam o espectador. Elas gostariam de conversar com ” mago” de Shirley Cipullo, escultura de bronze patinado de grande força gestual, que se encontra na área externa, no jardim do espaço. “Caminhos” e “Mulher com chapéu” fazem parte da pesquisa pictórica de Cipullo.

Como seria o seu desenho originado em Constelações, linhas que tecem sonhos?

“O objetivo da arte é provocar sentimentos no espectador” Gustave Courbet (1819-1873)

Isabel Villalba