Do fio que tece afetos

O projeto Do Fio Que Tece Afetos nasce da paixão pelo têxtil e da necessidade em discuti-lo na arte contemporânea. Foi gratificante receber o convite do Alê Espaço de Arte para sua 3ª edição; aqui, apresenta uma exposição sob curadoria de Katia Salvany, e 11 artistas do estado de São Paulo. Conta com obras bidimensionais, esculturas e vídeo-performance, sempre trazendo a materialidade do têxtil para discussão.

O encontro da linha e agulha está sempre sendo ressignificado ao longo dos milênios, como narra tão bem Rozsika Parker em seu livro “The Subversive Stitch”, sendo hoje prova de comunidades de subsistência, autonomia e protesto; preservação da tradição, história e resistência. Para a artista visual Andrea Cabrini, criadora do projeto, esse processo de evolução pode ser visto no episódio mitológico do fio de lã vermelho de Ariadne: de sonhadora em ser a esposa de um belo homem (Teseu), acaba se transformando na consorte semidivina (Dionísio), autônoma e poderosa junto aos humanos.

Em divergência ao que Le Corbusier citou: “há uma hierarquia nas artes: arte decorativa na parte inferior, e formas humanas no topo. Porque somos homens.” (Katy Hesssel, “A História da Arte sem Homens”); não, esse projeto não visa engradar os artistas na visão de funil da domesticidade do feminino e manter a normativa entre têxtil-trabalho manual-mulher. Ao contrário, estamos aqui para mostrar como o material têxtil transgride – transfigura – transborda – transcende.

Artistas:
Alessandra Vetorazzi
Andrea Cabrini
Bruna Marassato
Bruno Romi
Gabrielle Maussen
Isabel Pochini
Lucrécia Couso
Rosa Grizzo
Sylvia Sóglia
Tuca Chicalé Galvan
Vitória Fogaça

Curadoria: Katia Salvany

Abertura: 10.05 – 16h às 20h
Período expositivo: 10.05 até 07.06 – 14h às 18h