E se as mulheres não precisassem ser a exceção?
Curadoria: Cristina Suzuki*
Período expositivo de 27 de abril até 18 de maio de 2024
Artistas: Anna Urquiza, Cristina Myrrha, Inara Vidal, Isabel Pochini, Lilian Grunebaum, Malu Tigre, Maria Renata Pinheiro, Mariane Chicarino
*Exposição de finalização do Acompanhamento Online em Pesquisa Artística com Cristina Suzuki
A primeira mulher eleita presidente.
A primeira mulher a ganhar um Nobel de ciências.
A primeira mulher a dirigir uma penitenciária.
A primeira mulher a se formar em medicina ou em direito.
A primeira artista visual a ter uma obra vendida por milhões em um leilão.
Notícias que colocam estas mulheres em condição excepcional não pelas suas competências e habilidades, mas por conta do seu gênero.
E nesta exposição 8 artistas, 1 curadora e 3 gestoras culturais unem-se para continuar o trabalho de quebrar o estado de exceção a que as pessoas do sexo feminino são colocadas o tempo todo.
E se não precisássemos falar sobre as imposições que o corpo feminino continua sofrendo na sociedade, como faz Anna Urquiza?
E se questões existenciais como finitude e perpetuidade, apagamento e ressurgimento fossem discussões cotidianas que nos conectassem sempre com as histórias das mulheres de nossas famílias, como sugere Cristina Myrrah?
E se não precisássemos falar de ancestralidade como algo obsoleto e trazer tecnologias antigas como elementos de beleza contemporâneos, como propõe Inara Vidal?
E se não tratássemos o processo de envelhecimento com tanto medo do descarte social e todos os processos de violência psicológica que a mulher em todas as faixas etárias sofre, como questiona Isabel Pochini?
E se não precisássemos tirar forças a todo o momento de dentro de si para criar formas de conexão consigo mesma e com o outro a fim de firmar uma identidade, como busca Lilian Grunebaum?
E se dirigíssemos nossas pesquisas artísticas a conferir uma nova vida a materiais como revistas e livros de artes destinados ao descarte, com a intenção de resgatar sua fragilidade para falar de cor ao invés de corpo, como faz Malu Tigre?
E se não precisássemos continuar falando sobre memórias das coisas que estão desaparecendo, como as florestas e todos os biomas, como trabalha em seus desenhos e pinturas Maria Renata Pinheiro?
E se não precisássemos continuar carregando a culpa de termos nascido mulheres e precisarmos atender todas as demandas impostas e acumuladas, adoecendo e achando que não merecemos cada conquista, como rebate Mariane Chicarino?
E se nós mulheres continuássemos a falar o que estamos falando agora, que outros paradigmas quebraremos?
Continuamos otimistas. Fazemos parte de uma história que está sendo construída para que não tenhamos mais a sensação de sermos a única mulher de destaque em um grupo.
Queremos ser uma de muitas.
Cristina Suzuki
Artista visual