Travessias Assimétricas: escrita e movimento

Travessias Assimétricas: escrita e movimento
abril 14, 2018 zweiarts

Travessias Assimétricas: escrita e movimento

Angela Quinto | Cristina Elias | Debora Daich

Curadoria
Isabel Villalba

Abertura
14 de Abril de 2018

Período expositivo
16|04 até 04|05

Como atravessar juntos as assimetrias de uma viagem cujo percurso é incerto?

Angela Quinto, Cristina Elias e Débora Daich empreendem esta travessia ao discutirem em seus trabalhos uma tensão/torção na linguagem através da poesia visual, experimental e sonora, da escrita espontânea, enigmática, ilegível e da investigação sobre a memória.
A escrita como matéria é colocada no centro de cada uma das pesquisas ao construir, desconstruir, ampliar, reduzir, exibir e ocultar signos e movimentos em uma jornada infinita.
A escrita dança entre instalações, telas, vídeos, papeis, objetos, performances, deslizando-se entre os signos, construindo uma amalgama impossível no decurso desta exposição.

Angela Quinto resgata e transforma objetos de família a partir da pergunta sobre o mito da origem ancestral que no desenvolvimento de sua indagação poética é transposto e explorado nos mais diversos suportes.
As cartas de seus pais na época do noivado foram conservadas até serem redescobertas e desconstruídas. Angela intervém na escrita que a precede, expandindo e diminuindo a grafia até torná-la assêmica e a imprime no tecido, papel ou até na feltragem de seus próprios cabelos.
Escritura e corpo, como um todo expandido, vem a contar uma história. Mas que história?

Cristina Elias apresenta, entre outros trabalhos, um vídeo onde ela se coloca como sujeito escrevente de uma escrita intimista, misteriosa e espontânea, como comenta a artista “fluxo de inconsciência”. A performance como ponto de partida para arribar a uma escritura em movimento.
A escrita revela-se e apaga-se uma e outra vez pelo gesto da artista que desenha um circulo com carvão valendo-se de seu corpo como instrumento. Esta ação repetitiva se inscreve em um tempo sensível e rotineiro do ser feminino.

O movimento continua, pulsante.
A escrita continua, inesgotável.
Qual é essa escrita fugidia e insistente?
Qual é essa voz que aparece e desaparece?

Débora Daich, em sua primeira exposição em São Paulo, mergulha em uma travessia na linguagem ao ativar o espaço com escrituras cinéticas que ao serem repetidas incessantemente desenham tramas e vazios. As palavras-signos são capturados e soltos )) entre parênteses((, em deslocamentos quase imperceptíveis. Os espaços entre os signos criam diferentes tons de cinzas, que nas mínimas variações de velocidade constroem imagens e freqüências que se enlaçam pelo efeito da repetição.
A artista apresenta uma instalação modular com vídeo, poemas sonoros, papéis-tramas e dispositivos tecnológicos que convidam a participar ativamente da obra: a(SIA) foro.

Isabel Villalba, curadora